O Movimento
O Movimento Zeitgeist não é um movimento político, nem tão-pouco reconhece nações, governos, raças, religiões, credos ou classes. Estas distinções são incoerentes e obsoletas, estando longe de serem factores positivos para o verdadeiro desenvolvimento e potencial humano. As suas bases assentam na divisão de poder e na estratificação, não na igualdade e união, que são os nossos objectivos. Se é importante perceber que tudo na vida é o resultado de um progresso natural, devemos também reconhecer que a espécie humana tem a capacidade de reduzir drasticamente ou paralisar este progresso, através de estruturas sociais obsoletas, dogmáticas e, consequentemente, desalinhadas da própria natureza. O mundo a que assistimos hoje, repleto de guerra, corrupção, elitismo, poluição, pobreza, doenças epidémicas, abusos dos direitos humanos, desigualdade e crime é o resultado dessa mesma paralisia social.
O movimento prossegue a consciência, advogando desta maneira uma evolução fluida e progressiva, tanto a nível pessoal, como social, tecnológico e espiritual. Ele reconhece que a espécie humana caminha naturalmente para a unificação, com base num entendimento comum e empírico de como a natureza funciona e, de como nós, humanos, fazemos parte integrante deste processo a que chamamos "vida". Embora este caminho exista, ele encontra-se infelizmente obstruído e ignorado pela maioria populacional humana, os quais continuam a perpetuar modos de conduta e associações antiquadas e degenerativas. É esta irrelevância intelectual que o Movimento Zeitgeist espera ultrapassar graças à educação e à acção social.
O objectivo é rever a sociedade de hoje de acordo com os conhecimentos actuais, não só fomentando a consciência quanto às possibilidades tecnológicas e sociais existentes, para as quais muitos foram condicionados a pensar serem "impossíveis" ou contra a "natureza humana", mas também providenciar um caminho para ultrapassar estes elementos perpetuados por um sistema de sociedade obsoleto.
É importante, antes de mais, salientar que muitas das ideias deste movimento derivam do "Projecto Vénus", dirigido pelo engenheiro social e designer industrial, Jacque Fresco. Este último trabalhou durante grande parte da sua vida a criar os instrumentos necessários para redesenhar um mundo no qual se erradicaria a guerra, a pobreza, o crime, a estratificação social e a corrupção. As suas noções não são nem radicais nem complexas. Elas não impõem uma interpretação subjectiva para a sua formação. Assim sendo, a sociedade imergiria enquanto reflexo da natureza, com as suas variáveis já inerentemente predeterminadas.
O movimento não é uma construção centralizada.
Não existimos para liderar, mas para organizar e educar.
O Que Advogamos
Resumidamente descrevendo o movimento em 10 pontos, o mesmo:
1) Reconhece que a nossa conduta actual no planeta é simplesmente insustentável e advoga a transição para um novo sistema apelidado de Economia Baseada em Recursos;
2) Reconhece que, através do uso humano da tecnologia, temos a possibilidade de providenciar muito mais recursos em abundância para todas as pessoas do planeta, criando assim um sistema de acesso em vez de um sistema de propriedade e dinheiro;
3) Reconhece que o nosso modelo actual de emprego encontra-se obsoleto e desalinhado com a realidade tecnológica de hoje, encontrando-se assim impotente face ao problema do desemprego tecnológico. Advogamos o uso de automatização na produção de bens e serviços, removendo onde for possível a necessidade de mão de obra humana, maximizando a eficiência e eliminando assim trabalhos monótonos e repetitivos, para permitir que o ser humano persiga aquilo que mais desejar;
4) Reconhece que a sociedade deverá possuir uma relação simbiótica com a natureza de maneira a se tornar sustentável e, deverá atingir e manter um equilíbrio ecológico vivendo em harmonia com o planeta e não contra ele;
5) Reconhece nada mais nada menos que uma mudança completa na forma como operamos este planeta; hoje é um factor crucial se desejamos evitar o colapso social numa escala global;
6) O Movimento deseja remover e transcender as condições necessárias para a existência de governos e leis, focando-se em tratar as raízes dos nossos problemas sociais e ajustando o ambiente de maneira a que tais comportamentos aberrantes e necessidades não se materializem;
7) O Movimento advoga a utilização do método científico para questões sociais e ambientais, chegando às decisões baseando-se em dados estatísticos e lógica direccionada para a maximização de eficiência em operações técnicas, em vez de opiniões baseadas em interesse próprio ou nacional por parte de políticos ou empresários;
8) O Movimento é primariamente um movimento social, defendendo um sistema que encoraja a colaboração em vez de competição e, que seja baseado em união e igualdade por design.
9) O Movimento não é uma instituição ou organização política e, como está estruturado em volta de projectos e objectivos, opera sem líderes ou hierarquia.
10) O objectivo do Movimento é iniciar uma transição para uma Economia Baseada em Recursos, através da difusão de conteúdo, criando assim consciência social em massa sobre o conceito.
Conceitos
Sinopse
A fluidez da mudança social só pode materializar-se se duas condições estiverem reunidas:
1) Primeira: O sistema de valores humanos, que consiste nos nossos conceitos e crenças, deve ser actualizado e modificado através da educação e de uma minuciosa introspecção.
2) Segunda: O ambiente em torno desse sistema de valores deve mudar para apoiar a nova visão do mundo. A interacção entre um sistema de valores da pessoa e o seu ambiente é o factor que influencia o comportamento humano.
Por exemplo, na nossa cultura, a "ética" é sempre uma questão muito relativa, pois o nosso sistema social promove e recompensa, a competição e o interesse individual. Esta perspectiva não "leva" apenas a um comportamento aberrante... ela cria-o directamente. A corrupção é a norma na nossa sociedade e muitas pessoas não vêem isto, pois, uma vez que a sociedade apoia este comportamento, considera-se correcto e normal... ou, como uma questão de grau.
Considerada esta perspectiva, existe uma falácia que surgiu onde certos grupos são considerados "corruptos" e onde tudo o resto é "bom". Esta é a velha visão do mundo "nós e eles" que não tem base empírica, pois, novamente, trata-se de uma questão de grau.
Por exemplo, existe um grande movimento de pessoas que constantemente fala sobre "A Nova Ordem Mundial", reforçando a noção que há uma elite a tentar dominar o mundo há muito tempo, manipulando também a sociedade de várias formas para prosseguir com os seus objectivos.
Isto, naturalmente, é verdade, até certo. Mas, a falha no conhecimento é que este "grupo" não é de todo um grupo. É uma tendência.
Se se retirassem todas as pessoas do topo que estão comprometidas no jogo de governação mundial, seria simplesmente uma questão de tempo até que um outro grupo se intensificasse na mesma ambição. Portanto, o problema não são pessoas individuais ou grupos. São, de facto, as condições segundo as quais as pessoas estão acostumadas e doutrinadas. Naturalmente, muitos argumentam contra esta perspectiva, com a noção escapista de que é a "natureza humana" que provoca esta concorrência e a necessidade de uma posição dominante. Isto não é suportado pelos factos. Na realidade, estamos quase limpos como ardósias quando nascemos; é o nosso ambiente que molda quem somos e como nos comportamos.
Por conseguinte, para que a verdadeira mudança ocorra, temos de gastar menos tempo a lutar contra os produtos desta estrutura social doente e mais tempo a tentar mudar as causas. Por mais difícil e assustador que possa ser pensar-se desta maneira, esta é a única forma de mudar o nosso mundo para melhor.
Podemos continuar a bater no frigorífico para que as formigas saiam debaixo dele, mas enquanto não removermos a comida estragada lá atrás, simplesmente, elas continuam a vir.
Psicologia
A Psicologia é frequentemente definida como "A ciência que lida com os processos mentais e comportamentais".
Presentemente, existem duas escolas de pensamento predominantes: "Geneticistas" e "Behaviouristas"... a velha noção de "natureza versus criação".
Os Geneticistas tendem a pensar que o comportamento humano deriva da hereditariedade e do instinto. Frequentemente os noticiários informam que alguns estudos reivindicam ter encontrado a "predisposição genética para ser republicano" ou "para fumar". Isto suporta a visão do mundo de que, de algum modo, estamos "conectados" e que, mesmo subtis nuances de comportamento, como uma inclinação para a dependência, de algum modo, é genética ou "instintiva".
Os Behaviouristas, por outro lado, vêem o ser humano como um produto do condicionamento, baseado na exposição dessa pessoa ao ambiente. Portanto, as acções de uma pessoa têm uma origem que é derivada da experiência ou desencadeada pela corrente do pensamento transportado por um conceito aprendido. Deste modo, o mecanismo acção / crença é adquirido na aprendizagem e não na hereditariedade ou instinto.
Qual é mais relevante? Obviamente, ambas as visões são importantes de determinadas maneiras. O nosso interesse em sobreviver e reproduzir é impresso / genético de alguma forma, uma vez que está directamente associado à sobrevivência fundamental. Contudo, o meio pelo qual é obtida a sobrevivência baseia-se inteiramente no condicionamento social dessa pessoa. Se um indivíduo cresce num ambiente escasso, muito pobre, com acesso limitado ao emprego, terá mais propensão para participar em actividades ilegais para sobreviver... mais do que uma pessoa da classe média que tem as necessidades básicas satisfeitas.
Do outro lado do espectro, se uma pessoa com grande riqueza cresce numa família elitista e é assim condicionada a pensar que a sua riqueza / classe serve como um símbolo de estatuto, muito provavelmente ela explorará aqueles que trabalham para ela, ou praticará actividades ilegais para confirmar a identidade social e arrogância que considera serem reais.
A questão de fundo, é que o condicionamento do ambiente é realmente responsável por 99% das nossas acções, e todos os estudos sobre comportamento têm revelado isso várias e várias vezes.
As pessoas não se tornam alcoólicas por estarem geneticamente predispostas, mas pela influência dos seus pais ou amigos. Se alguém abusar de uma criança, essa criança crescerá e muito provavelmente irá abusar de outra criança. Quando os meios de comunicação social divulgam uma certa ideia na sociedade, tal como o "terrorismo", o público é condicionado a acreditar que isso é verdade e uma ameaça real, independentemente da realidade. A verdade é que somos organismos emergentes e vulneráveis, sempre submetidos a influência, condicionamento e mudança, até certo grau.
Este "grau" é largamente influenciado pelas identificações sociais / ideológicas, que muitos têm sido condicionados a pensar que são imutáveis. É neste estado de consciência específico que a paralisia entra, pois não há nada na natureza que apoie a conclusão de que, tudo o que pensamos hoje não vai estar desactualizado no futuro, já que um dos poucos modelos em que podemos ter um certo grau de confiança, até agora, é a realidade de que todos os elementos da natureza são emergentes. A "identificação" com um conjunto de conceitos em prol da integridade de alguns é uma grave distorção no nosso mundo, pois é considerada uma "fraqueza" quando eles provam que alguém está errado. Isto é, evidentemente, absurdo, pois é dessa forma que a maioria aprende e não deve ser uma circunstância receada.
Fritz Pearls disse uma vez que "A espécie humana é a única espécie que tem a capacidade de interferir com o seu próprio crescimento". Esta é uma conclusão importante para os nossos sistemas de valores, que pensamos, devem continuar para apoiar as nossas identidades, muitas vezes num caminho de novos conceitos, mudanças de entendimento e de crescimento pessoal.
As instituições dominantes que perpectuam esta paralisia parecem ser a Religião Teísta e o Sistema Monetário. A Religião Teísta promove uma visão fixa do mundo, com uma compreensão baseada na "fé", que rejeita a lógica e informações novas. O Sistema Monetário (em todos os países) é baseado na Concorrência por Trabalho e, por conseguinte, Trabalho por Dinheiro. Muito simplesmente, a "vantagem competitiva" só pode ser sustentada através da auto-perpetuação, e auto-perpetuação / interesse próprio, naturalmente conduz a uma instituição estática, que prefere não mudar, já que isso ameaça a sobrevivência desse negócio, governo ou algo similar.
Isso é insustentável.
Sociologia
A Sociologia é frequentemente definida como: "O estudo da sociedade; a interacção social humana".
Este campo considera as estruturas sociais Cognitiva e Material. Um exemplo de uma Estrutura Social Cognitiva é a instituição da religião estabelecida e como a sua actuação afecta a tomada de consciência colectiva. Por exemplo, os Cristãos Pró-Vida partilham a posição de que a "vida" humana é um elemento separado da natureza e que matar um feto é errado. Paralelamente, a concorrência baseada no sistema monetário tem defensores a semear ideias como a de que a competição é o estado social mais produtivo que os seres humanos podem desenvolver.
As Estruturas Sociais Materiais, por outro lado, são muito óbvias e existem sob a forma de corporações e governos, cada uma delas com forte influência sobre a sociedade. Naturalmente, todas as Estruturas Sociais Materiais espalham-se pelo reino Cognitivo, pois elas têm sempre atrás uma ideologia.
Um problema sociológico comum tem a ver com a "Natureza Humana" e os seus efeitos em sentido colectivo. Por exemplo, a maioria das pessoas têm sido ensinadas de que os seres humanos são naturalmente competitivos entre si, juntamente com o pressuposto de que a estratificação social, ou hierarquia, também é uma "tendência natural humana".
Isto é uma falácia.
Se olhar para, digamos, um grupo de leões, verá uma hierarquia social e uma violenta competição por comida, na maioria dos casos. Bem, esta comparação é o que leva as pessoas a pensar que é uma ocorrência natural na sociedade humana (guerra, ganância, ego, etc.). No entanto, são ignoradas as condições ambientais presentes em cada caso. O grupo de leões existe num mundo de Escassez. Eles não possuem habilidade para criar armadilhas para suas presas, nem é uma comida acessível "por encomenda". Eles têm de caçar e lutar uns contra os outros. Naturalmente, isto cria competição. Para sobreviver os leões têm de ser agressivos uns com os outros. Por sua vez, a hierarquia é desenvolvida para o mais forte deles ganhar mais, e, por sua vez, exercer a sua posição dominante de uma forma estratificada.
Da mesma maneira, na nossa actual sociedade humana, acontece exactamente a mesma coisa. Os seres humanos têm vivido no mesmo tipo de escassez desde a aurora da sua existência. No entanto, à medida que o tempo vai decorrendo, estamos a tornar-nos mais e mais "civilizados", devido à nossa habilidade para Criar. Ao contrário dos Leões, os humanos são capazes de criar ferramentas e pôr em marcha processos que libertem o ser humano de uma determinada tarefa ou problema, reduzindo a Escassez.
Face a esta "visão", nós vemos então, que num nível fundamental, se a escassez puder ser erradicada, o comportamento humano sofrerá uma mudança radical, afastando-se da concorrência, dominação e estratificação.
Do mesmo modo, as ideologias ultrapassadas que não resistem ao teste do tempo, tal como a religião teísta, compõem o mito de que os seres humanos e a sociedade são construídos de uma certa maneira. Por exemplo, a Ideologia Católica afirma que os seres humanos "nascem com o pecado".
Isso é absurdo, obsoleto e baseado num entendimento primitivo do comportamento humano.
Não há diferença entre o bebé Gandhi e o bebé Hitler... é o ambiente que molda a pessoa e, consequentemente, a sociedade (e vice-versa).
Portanto, a verdadeira mudança Sociológica virá ao serem removidas as condições que causam o padrão de comportamento aberrante que polui as nossas sociedades. Prisão, Polícia e Leis são meros remendos que, na verdade, tendem a piorar a conjectura social ao longo do tempo.
Em última análise, é necessário redesenhar a nossa cultura para mudar o comportamento humano para melhor.
Tecnologia
Quando consideramos a relevância das nossas estruturas sociais e ideologias na sociedade, frequentemente olhamos para os governos, políticos e empresas como guias de orientação organizacional e instituições catalisadoras, responsáveis pela qualidade das nossas vidas. Naturalmente, isto é verdade... mas só até certo ponto. À medida que o tempo avança, os seres humanos têm-se tornado mais e mais conscientes da natureza, dos seus processos e, portanto, têm sido capazes de extrair inferências sobre como imitar a natureza em toda a sua glória criativa.
O resultado tem sido a Tecnologia, aquilo que separa nós, humanos, das outras espécies, para além das funcionalidades. Nós temos habilidade para criar de inúmeras maneiras. Se não queremos limpar os esgotos, podemos conceber uma máquina para fazer isso por nós.
No início da Era Industrial, a grande maioria das pessoas trabalhava em fábricas. Hoje, a automação compreende 90% de quase todas as fábricas. Esta automação tem substituído os humanos criando uma imensa e artificial indústria de "serviços", a fim de manter os indivíduos empregados de modo a perpectuar o sistema monetário.
Este padrão é muito revelador. Isto implica que a automação das máquinas está constantemente a desafiar o papel do trabalho humano geral. Isto não significa que os humanos não terão "nada para fazer" à medida que o tempo avança. Muito pelo contrário... Isto implica a libertação da humanidade dos trabalhos desinteressantes, e assim os seres humanos terão tempo para prosseguir com aquilo que escolherem fazer. Em contrapartida, é importante assinalar que a sociedade hoje assume uma postura muito negativa em relação à humanidade, mantendo a crença de que, se os seres humanos não são «necessários» para fazer alguma coisa, eles devem sentar-se, ser preguiçosos e não fazer nada. Isto é propaganda absurda.
A noção de "lazer" é uma invenção monetária, criada por causa da base opressiva e fascista da própria instituição emprego. A preguiça é, de facto, uma forma de rejeição do sistema. É uma qualidade que só existe devido à opressão e necessidade de servilismo.
Numa verdadeira sociedade, não haveria tal separação entre "trabalho" e "lazer" para que se permitisse aos seres humanos exercer qualquer actividade que considerassem relevante. Para colocar de outra forma, considere a curiosidade e o interesse de uma criança . Ela nem sequer sabe o que é dinheiro... Ela precisa de ser motivada pelo dinheiro para sair e explorar / criar? Não. Ela tem um interesse pessoal e persegue-o sem nenhuma recompensa. De facto, os maiores contribuintes para a nossa sociedade, tais como Einstein, Newton ou Galileu, fizeram o que fizeram sem qualquer recompensa monetária. Eles fizeram isso porque quiseram. O acto de fazer e de contribuir foi a sua recompensa.
A questão aqui é que o dinheiro não é um verdadeiro incentivo para coisa alguma e pensar o contrário é presumir que os seres humanos são inerentemente preguiçosos e corruptos. A preguiça e a corrupção são os produtos do condicionamento que o nosso sistema social criou.
Agora, voltando à tecnologia, verificamos que a nossa qualidade de vida, tal como a sua funcionalidade, têm aumentado consideravelmente devido aos benefícios das ferramentas tecnológicas que criámos. De um cortador de relva a um pacemaker, a tecnologia salva vidas e diminui a quantidade de tempo que precisamos gastar em actividades mundanas, difíceis e/ou perigosas. De facto, se dermos alguns passos atrás, torna-se bastante claro que o desenvolvimento tecnológico é a mais importante instituição que temos e a busca da sociedade por tecnologias úteis (não armas), deverá ser a mais alta prioridade da cultura.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento tecnológico é provocado por uma determinada linha de pensamento, ou processo... Isto poderia chamar-se "Método Científico". Carl Sagan foi uma vez citado como tendo dito algo parecido com: "A Sociedade aplaude os dons da ciência, mas rejeita os seus métodos".
Isto é uma grande verdade da era moderna, mas o que o público não consegue entender é que a ciência não é somente uma ferramenta... é uma funcionalidade universal que pode ser aplicada à sociedade de várias maneiras, que muitos nem fazem ideia.
Parece evidente que a tecnologia melhora as nossas vidas e serve como o maior libertador da vida humana no reino material... Então, porque não são os seus métodos aplicados à sociedade como um todo?
Obviamente, o método científico é usado constantemente em sistemas isolados, mas nunca foi verdadeiramente considerado nas mais amplas direcções. Isto deve-se em grande parte às velhas superstições que lutam contra a lógica da ciência em prol de uma dogmática, ultrapassada e altamente romantizada visão do mundo.
Se tivéssemos a possibilidade de reconstruir uma sociedade a partir do zero, como iríamos fazê-lo para a tornar mais eficiente, sustentável e humana possível? Esta é a nossa perspectiva. Obviamente, não podemos construir uma sociedade a partir do zero, mas a questão é clara. É chegada a hora de parar de pensar em questões monetárias e limitações, e começar a pensar acerca das possibilidades que temos aqui na Terra, em mais amplo sentido.
Foi este interesse que criou o conceito de uma "Economia Baseada nos Recursos". O Projecto Vénus tem vindo a trabalhar neste conceito desde há muito tempo e o seu fundamento é muito simples. Nós observamos cuidadosamente, preservamos e maximizamos o uso dos recursos planetários em conjunto com uma informação aberta e desenvolvimento tecnológico.
Nesta perspectiva, pouco é deixado às interpretações subjectivas, pois resulta de uma estratégia científica virada para o cerne da construção social. A partir daí, os parâmetros científicos trabalham eles próprios tanto quantas as suas possibilidades.
Sustentabilidade
Quando pensamos em sustentabilidade, muitas vezes associamos a durabilidade, longevidade e respeito ambiental. Em geral, uma prática sustentável é uma prática que tem a saúde do futuro em consideração. No entanto, esta ideia não é só reservada para o físico, o mundo material, ela também se aplica ao pensamento, aos conceitos, à conduta humana, tal como à sociedade num todo.
Uma prática é insustentável desde que tenha um efeito negativo e desequilibrado, que através do tempo, irá afectar negativamente uma pessoa, a sociedade e /ou o ambiente. Um clássico caso é a nossa actual utilização do petróleo como um meio para gerar energia. Isto pode ser considerado insustentável, devido ao facto do petróleo não ser um produto renovável e, quando queimado, é prejudicial para o meio ambiente. Qualquer prática que provoca um esgotamento irreversível dos recursos, ou, a longo prazo, poluição ambiental, é uma prática insustentável.
Da mesma forma, se uma determinada empresa liberta grandes quantidades de resíduos derivados da sua produção, poluindo o meio ambiente, isto será também considerado uma insustentável prática, independentemente do que ela está a produzir.
Do mesmo modo, se o conhecimento ou os materiais utilizados na produção de um determinado tipo de produto não são da maior qualidade conhecida, muito frequentemente a integridade do produto fica intrinsecamente comprometida, levando à eventual criação de mais resíduos, quando esse produto não funcionar ou se tornar obsoleto. Dado o nosso actual sistema de lucro, a maior parte do que é produzido é construído com uma fraqueza intrínseca, devido à necessidade de competir pela quota de mercado. Por outras palavras, se duas empresas estão a competir para criar um determinado produto, ambas terão de ser estratégicas nos materiais, desenhos e modelos que utilizam, comprometendo muitas vezes a qualidade em prol de um custo mais acessível. O resultado é um produto que se estraga irremediavelmente mais depressa do que um artigo a que foi dado o maior cuidado e a melhor qualidade dos seus componente materiais.
Isto não acontece no nosso sistema por dois motivos:
1.Se uma empresa estava a utilizar o modelo mais avançado e os melhores materiais conhecidos, ela provavelmente tem custos de produção muito mais elevados e, certamente perde uma vantagem competitiva.
2.Se os produtos forem feitos para durar longos períodos de tempo, as pessoas não precisam repetidamente de os substituir, actualizar ou corrigir seus componentes, e uma larga quantidade de dividendos e postos de trabalho serão perdidos pela indústria em geral, abrandando a economia.
Isto é, naturalmente, insustentável por definição para a inerente ineficiência do sistema económico que eventualmente cria problemas desnecessários, resíduos e poluição.
E isto leva-nos a ideologias insustentáveis.
Uma ideologia é inerentemente insustentável quando leva uma pessoa ou grupo a práticas insustentáveis. Por exemplo, a razão que leva uma unidade de produção a utilizar materiais pobres para criar produtos insustentáveis, enquanto emite uma quantidade desproporcional de resíduos, é realmente o resultado de uma força maior, conhecida como o Sistema Monetário do Lucro. Neste Sistema não há nenhuma recompensa para a sustentabilidade, porque o mesmo é construído sobre a regeneração da concorrência. Em tal circunstância, a sustentabilidade é sempre secundária para o lucro, pois a sobrevivência de uma empresa é baseada nesse dividendo, e este é parcialmente baseado na redução dos custos e, consequentemente, no aumento das receitas. Portanto, as insustentáveis práticas que existem em todas as indústrias são o resultado de uma falha ideológica subjacente à própria estrutura económica.
Em teoria, a maioria concordaria que ter uma abundância de recursos, conjuntamente com produtos feitos com os materiais mais duráveis para o máximo de sustentabilidade e eficiência, seria uma coisa boa. No entanto, estas noções não são recompensadas no nosso actual sistema monetário mundial. O que é recompensado é a Escassez. Este factor aliado à obsolescência planeada são recompensadas no curto prazo, pois criam um "retorno" de lucro, enquanto criam mais empregos. Infelizmente, esta "recompensa no curto prazo" custa "destruição a longo prazo".
O Sistema de Comércio Livre, em conjunto com todos os outros subgrupos, comunismo, socialismo e fascismo, é uma ideologia insustentável, por isso construiu por si uma propensão ao abuso ambiental e social. Para colocar isto mais claramente, um mundo que está em concorrência com ele próprio por trabalho, recursos e sobrevivência, é um sistema intrinsecamente insustentável, pelo que carece de uma consciência externa.
Então, o que é uma ideologia sustentável?
Embora esta questão nos traga sempre novas respostas através da contínua evolução humana, nos tempos actuais, temos um conceito chamado Método Científico. Muito simplesmente, o Método Científico é o processo de investigação que, através dos mais modernos métodos de aprendizagem, medição, análise e experimentação, trabalha para demonstrar a validade de um determinado conceito, ou a possível resolução de um problema específico.
Um exemplo, seria um problema automóvel. Se o seu carro não "arranca", você deve iniciar uma linha de pensamento, baseada na lógica, para encontrar a fonte do problema. A lógica orientaria a sua atenção, começando provavelmente por indagar quanta gasolina está no carro, seguindo para o mecanismo de ignição, etc. Este é o método científico aplicado na resolução de problemas. Um anti-método científico para tal problema cairia na categoria do "irracional". Por exemplo, se o carro não "arranca", seria irracional começar a verificar os pneus, pois os pneus nada têm a ver com os mecanismos associados ao problema.
Infelizmente, a nossa abordagem ao funcionamento social é em grande parte ilógica ou metodologia, está imersa na tradição, superstição e métodos ultrapassados de conduta. Uma abordagem científica para a sociedade, usando a lógica e a razão para avaliar e responder às questões sociais, teria uma gravitação natural para a sustentabilidade, pois nada pode ser isolado ou destacado em tal abordagem. Por outras palavras, temos de parar de ver o mundo através das lentes dos sistemas e ideologias que foram criadas no passado, e começar a olhar para ele do modo mais amplo e imparcial que pudermos. O único meio que apoia esta abordagem é a Ciência, e os dons da ciência já provaram a sua validade, para além da dúvida. Por isso, é tempo de utilizar os métodos científicos na nossa abordagem à própria sociedade.
Um rápido olhar sobre os modos de funcionamento utilizados no mundo de hoje reflecte uma negligência grosseira da razão, da lógica e da aplicação científica. As nossas estruturas económicas são baseadas em meios de troca e de valores que têm pouca relação com a verdade e a realidade dos recursos. A religião continua a pregar visões do mundo há muito ultrapassadas pelo progressivo pensamento científico. O nosso sistema de trabalho está configurado para que as pessoas devam ser "empregados", a fim de ganharem dinheiro para sobreviver, enquanto a contribuição real que tais profissões têm para a sociedade são altamente questionáveis, o que mostra que o "emprego" muitas vezes existe simplesmente para manter as pessoas a "fazer algo" para sobreviverem e manter a estrutura económica. Isto é um desperdício de vidas humanas...
Há muitos, muitos aspectos para compreender que as nossas instituições sociais actuais são insustentáveis. Para resumir a questão, a nossa vida na Terra deve ter uma premissa fundamental através da qual se relacionam as nossas operações. Esta premissa deve ser tão empírica quanto possível, e não com base em projecções ou pareceres. A partir de uma perspectiva científica, vemos que os recursos e a inventividade humana são as mais valiosas questões em causa. Inteligência humana e consciência, em conjunto com a gestão e utilização dos recursos terrestres, são realmente as únicas duas questões fundamentais. Tudo o resto é construído com base nelas. Por isso, precisamos de iniciar uma abordagem que maximize educação, tecnologia e gestão dos recursos.
Até que isso seja feito, a sustentabilidade estará em perigo. Este é o objectivo do Projecto Vénus e do Movimento Zeitgeist.
Espiritualidade
Ao que parece, a espiritualidade tem um significado diferente para cada um de nós. Uma definição aceite seria: "Um sentido de significado e propósito, um sentido de individualidade e de uma relação com 'aquilo que é maior do que eu'".
Actualmente, a religião e o misticismo parecem ter o monopólio da espiritualidade. A religião Teísta, refere-se, muitas vezes, a uma "relação com Deus" ou criador divino, como uma relação espiritual, enquanto os místicos, muitas vezes, encontram uma relação com uma força sobrenatural, ou poder. O fundo da questão é que, quase universalmente, a espiritualidade tem a ver com um "relacionamento" a um ou outro nível. Na maioria dos casos, está associada com o 'lugar' de uma pessoa ou "sentido" na vida ... seja o que quer que isso signifique.
Tão subjetivo quanto essas 'coisas' possam ser, começamos a reconhecer as mudanças nestes conceitos, pois o progresso social tende a esculpir um caminho para o "entendimento" que resiste e persiste ao tempo. Na idade moderna, temos a capacidade de olhar para o nosso passado e examinar o que os nossos antepassados costumavam considerar "real", e então comparar essas ideias com o conhecimento actual. Muitas "práticas espirituais" que existiram no passado, deixaram de existir devido a conhecimentos que surgiram em relação aos fenomenos naturais. Como exemplo, nas religiões primitivas era comum 'sacrificar' animais para determinados fins ... estas práticas, actualmente, raramente acontecem, pois a relevância de tal acto provou a sua inutilidade. Da mesma forma, as pessoas raramente efectuam "danças-da-chuva", com a finalidade de influenciar o tempo ... hoje, compreendemos como os padrões climáticos são criados, e sabemos que os rituais não têm efeitos comprovados.
Igualmente, a idéia de "rezar" a um deus para realizar um determinado pedido, está também estatisticamente provada ter pouco efeito sobre um resultado, já para não mencionar que de nehuma maneira cientifica a evidência para apoiar um criador personificado foi consegida... advém, muitas vezes, da especulação histórica e da antiga tradição literária.
A Religião, em muitos aspectos, parece estar enraizada na percepção mal-entendida sobre os processos da vida. Por exemplo, apresenta uma visão do mundo que muitas vezes coloca o ser humano num nível diferente dos demais elementos da natureza. Este "ego espiritual" tem criado conflitos dramáticos levados a cabo por inúmeras gerações, não apenas entre os seres humanos, mas, inadvertidamente, entre o homem e o próprio meio ambiente.
No entanto, como o tempo avançou, a Ciência tem mostrado como os seres humanos estão sujeitos às mesmas forças da natureza, como tudo o resto. Aprendemos que todos nós compartilhamos a mesma infra-estrutura atómica como as árvores, os pássaros e as outras formas de vida. Nós aprendemos que não podemos viver sem os elementos da natureza ... precisamos de ar puro para respirar, alimento para comer, energia do sol, etc... Quando entendemos esta relação simbiótica da vida, começamos a observar que no que respeita a "relacionamentos", a nossa relação com o planeta é bastante mais profunda e importante. O meio pelo qual esta premissa se expressa, é a ciência, visto que o método científico tem permitido a introspecção nestes processos naturais, para que possamos entender melhor, como podemos "encaixar" este sistema de vida como um todo.
Isto poderia designar-se de "despertar espiritual".
Esta realização, que foi provada pela ciência, é de que os humanos não são diferentes de qualquer outra forma da natureza, enquanto a nossa integridade é apenas tão boa quanto a integridade do nosso meio ambiente, ao qual fazemos parte. Esta compreensão apresenta uma visão "espiritual" do mundo completamente diferente, pois força, no seu núcleo, a idéia de interdependência e ligação.
No sentido mais básico, a interligação de toda a vida é inegável, e é esse "relacionamento" perpétuo de interconectividade total que não é plenamente realizado pela sociedade em geral. Assim, os nossos modos de conduta e percepção estão extremamente fora de sintonia com a própria natureza ... e, portanto, destrutivos.
A própria natureza é o nosso mestre, e as nossas instituições sociais e filosofias devem ser derivadas destas premissas e, invariavelmente, da compreensão "espiritual".
Quanto mais rápido se alastrar este despertar espiritual, mais sã, pacífica e produtiva se tornará a sociedade.
Origem em http://www.zeitgeistportugal.org/
Movimento Zeitgeist Portugal